Saturday, December 13, 2008

Série B 2009

A Federação Gaúcha de Futebol, reunida com os clubes participantes da Série B do ano que vem, divulgou a fórmula de disputa da "Segundona" Gaúcha 2009.
Abaixo o texto retirado do site da FGF:

"O campeonato, que terá início no dia 8 de março e terminará no dia 23 de agosto, será dividido em quatro fases. Na primeira, os clubes foram divididos em três chaves e se enfrentam em turno e returno, classificando-se os seis primeiros colocados de cada chave. Na segunda, serão três hexagonais, também em turno e returno, os dois primeiros colocados de cada chave e mais os dois melhores terceiros avançam para a fase seguinte. Nas semifinais, os times estarão em dois quadrangulares, em dois turnos, saindo os dois primeiros para a disputa de um quadrangular final que apontará os dois clubes na Primeira Divisão em 2010.”



Formação das Chaves:

Chave 1: Pelotas, Farroupilha, Rio Grande, São Paulo, Bagé, Guarany (Bagé), Flamengo, São Gabriel e 14 de Julho*.

Chave 2: Porto Alegre, Cruzeiro, Aimoré, Cerâmica, 15 de Novembro*, Brasil (Farroupilha), Guarani (Venâncio Aires)*, São José (Cachoeira do Sul)* e Rio Pardo.

Chave 3: Santo Ângelo*, Ser Cruz Alta*, Panambi, Glória, Carazinhense*, Riograndense, Milan, Lajeadense e Três Passos.
*Obs.: Clubes tem prazo até o dia 19/12 para confirmarem participação.
A principal novidade da competição será o Rio Pardo Futebol Clube que estreará como profissional e o retorno do Lajeadense as suas atividades.
Assessoria de Imprensa - FGF


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Pelo visto acima, mais uma vez será um campeonato bastante disputado, com vários clubes tradicionais na busca pelo acesso. Por um lado não haverá o tradicional e árduo octogonal final (a fórmula indica dois quadrangulares - dois pelas semi-finais e um quadrangular final -), mas em compensação haverá uma segunda fase bastante difícil, onde seis clubes disputam duas vagas em cada chave, classificando-se ainda os dois melhores terceiros colocados.

Muitos não gostam do campeonato longo, mas é uma das poucas formas de manter os clubes em atividade por mais tempo. Os clubes do interior do Rio Grande do Sul, massacrados em termos de mídia pela dupla Gre-Nal necessitam mais do qualquer outro clube, estar em atividade. A situação é tão crítica, que a primeira divisão só é salutar aos clubes que a disputam devido ao pagamento da televisão e da maior visibilidade dos patrocinadores (possibilidade de negociar melhores patrocínios). Porque em termos de calendário, devido aos interesses da dupla Gre-Nal, a Série A é um péssimo negócio para os clubes e torcedores do interior. Joga-se um campeonato relâmpago e depois o ostracismo em todo o primeiro semestre. Concorre para piorar a situação dos clubes interioranos, a exposição nos meios de comunicação da Dupla Gre-Nal, envolvidos em Libertadores, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro. Ao interior restam as migalhas (quando restam) e isto se reflete no interesse do público pelos times de suas cidades. Como se não bastasse todo espaço dado à Dupla, mesmo nas rádios e jornais do interior, onde deveria ser exclusividade os assuntos do time local, a Dupla conquista amplos espaços, diariamente, num atestado de falência dos clubes locais. E assim caminha o futebol gaúcho, numa espécie de ''globalização'' do torcedor.

Ainda sobre a Série B, poderia ser um campeonato um pouco mais viável, mas há algumas coisas que tornam mais difícil ainda atrair o torcedor. Jogos repetitivos (adversários), fases longas e ausência de mídia. Um paliativo poderia ser a volta da Série C. Com isto a Série B se tornaria melhor qualificada, e poderia se tornar mais viável. Houve anos que a Série B era uma espécie de apêndice da Série A: campeão e vice da Série B, entravam na fase final do Gauchão, do mesmo ano. Ou seja, a série B era como um ‘’grupo’’ do próprio Gauchão. Era também bastante disputada, mas haviam menos clubes (em torno de 14 times, acho). E a Série C tinha mais ou menos a cara do que é hoje a "Segundona".

Mesmo com esta fórmula atual, é possível tornar a Série B melhor. Para isto os clubes teriam que se unir e organizarem-se. O problema é que como todo mundo aposta e torce, naturalmente, em sair da Segundona "neste ano", acabam por não examinarem com mais profundidade o tema.

De outra forma, a mídia gaúcha poderia ajudar também (o que não faz), e os clubes colaborarem dentro do possível. Existem programas no Rio Grande do Sul que dão destaque para kart, patins, talvez até dominó, mas Segundona Gaúcha só na fase decisiva e olhe lá. Agora quando há pancadaria, saímos no Jornal Nacional no mesmo dia. Matérias chegam a ser repetidas, assuntos monótonos, mas nada de espaço para a Segundona. E isto repercute em todos os veículos: rádios, jornais e internet.
Nos jornais da capital, o espaço que a Segundona tem, é um cantinho, ali onde publicam a classificação de importantíssimos campeonatos para o RS, como o Campeonato Francês. Claro, a não ser que tenha briga campal.

Uma mídia maior, com fotos e imagens publicadas, aumenta o interesse de torcedores e patrocinadores, pelo incremento da visibilidade. Podem dizer que não há cobertura porque não há interesse, mas creio que o inverso é que é verdadeiro: praticamente escondem o campeonato, entopem as TV's, rádios e jornais com enormes matérias da Dupla, daí diminui o interesse de quem acompanha apenas superficialmente. Mas o interior precisa de torcedores, inclusive dos que não são fanáticos. As matérias sobre a Dupla podem e devem seguir dominando o noticiário esportivo, mas há espaço para dedicar aos clubes do interior, basta mais boa vontade e cobrança dos clubes e torcedores junto às emissoras, rádios e jornais.

Este é uma das tantas coisas a serem feitas para melhorar a Segundona e a saúde financeira dos clubes. Transmissão dos jogos é outra coisa que devia ser mais bem pensada. Mesmo que não se consiga vender os jogos, mas os clubes devem negociar com emissoras que se comprometam com o campeonato desde a sua primeira fase. Audiência também se constrói com o costume e tradição (jogos sendo transmitidos sempre nos mesmos horários e dias). Com o incremento da divulgação, ao passar do tempo até poderiam negociar a transmissão do campeonato por algum valor razoável. Público para assistir existe.


A título de curiosidade, listei a abrangência da Segundona Gaúcha, pelas cidades:

Bagé (116.000 habitantes)
Pelotas (343.000)
Rio Grande (195.000)
São Gabriel (60.000)
Alegrete (80.000)
Livramento (82.000)
Porto Alegre*
Gravataí (266.000)
São Leopoldo (210.000)
Campo Bom (58.000)
Farroupilha (62.000)
Venâncio Aires (67.000)
Cachoeira do Sul (86.000)
Rio Pardo (38.000)
Santo Ângelo (117.000)
Cruz Alta (64.000)
Panambi (38.000)
Santa Maria (266.000)
Carazinho (60.000)
Lajeado (71.000)
Três Passos (24.000)
Vacaria (62.000)
Júlio de Castilhos (20.000)

* Não somarei a população de Porto Alegre nesta contagem.

Somando-se estas populações, chega-se ao número de 2.385.000 habitantes, isto sem contar milhares de oriundos destas cidades que hoje residem em Porto Alegre mas ainda acompanham seus times e torcedores da capital que torcem para o Porto Alegre e Cruzeiro. Em termos percentuais, isto representa em torno de 22% da população gaúcha. Então tem que haver uma maior cobertura da "grande mídia", este fator populacional não deve ser desprezado.

Espero por uma maior visibilidade da Série B, a começar por nossa cidade.
Que a TV local e as emissoras de rádio sigam o exemplo da Rádio Clube, que apesar de todas as dificuldades, ainda segue nas transmissões do futebol local. Que também entendam que acompanhar a Dupla GreNal é muito fácil, basta ligar a TV, abrir um jornal ou acessar a internet. Já para ter notícias dos times da cidade é muito mais difícil, dada a paupérrima cobertura de alguns veículos, excetuando-se os jornais impressos e a Rádio Clube.

Espero sinceramente que a Segundona este ano seja melhor tratada, pois isto traria benefícios para todos os clubes envolvidos.

Thursday, December 11, 2008